Murilo Monteiro Mendes, filho de Onofre Mendes e Elisa M. de
barros Mendes, fez seus primeiros estudos em Juiz de Fora e depois no colégio
salesiano de Niterói. Murilo teve dois momentos em sua juventude que marcaram, uma
era a passagem do cometa Halley em 1910, e a sua fuga do colégio interno em
Niterói para ver no RJ as apresentações do dançarino russo Nijinski, em 1917. O
cometa e o bailarino teve uma relação forte para suas revelações poéticas.
Entre os anos de 1924 – 29, seus primeiros poemas foram
expostos nas revistas modernistas “Antropofagia” e “Verde”. O poema faz parte
da sua segunda geração modernista e seu primeiro livro, “Poemas”, foi publicado
em 1930 onde ele ganhou o prêmio Graça Aranha. No mesmo ano já saiu “Bumba-meu-poeta”
e em 1933 “História do Brasil”.
Por esta época, conheceu o artista plástico Ismael Nery, que
o influenciou muito, levando-o inclusive, a se converter para o catolicismo.
Nery morreu em 1934 que deixou Mendes confuso e deprimido. Contudo, já em 1935 publicou
com Jorge Lima, “Tempo e Eternidade”, poemas de inspiração católica.
Até 1935, trabalhou com telegrafista e guarda-livros. Em
1936 passou a exercer a função de inspetor do ensino secundário do Distrito Federal
e dez anos mais tarde, assumiu o cargo de escrivão da 4° Vara de Familia do DF
(então no Rio de Janeiro). Em 1947, casou com Maria da Saudade Cortesão, mas não
tiveram filhos.
Escritor fértil com publicações frequentes como: “A
Poesia em Pânico” (1937); "O
Visionário" (1941); "As Metamorfoses" (1944); "Mundo
Enigma" e "O Discípulo de Emaús" (1945); "Poesia
Liberdade" (1947); "Janela do Caos" (1949), na França, numa
edição especial com litografias de Francis Picabia; "Contemplação de Ouro
Preto" (1954); e, no mesmo ano, também na França, saiu "Office
Humain", antologia de poemas traduzidos para o francês.
Passou a residir na Bélgica e na Holanda, entre
1953-56. Se mudou para a Itália em 1957 onde se tornou professor de cultura
brasileira na universidade de Roma e depois na Universidade de Pisa. A partir
desta época, sua poesia começou a ser traduzida e publicada na Itália, Espanha e
também em Portugal.
Em 1968, laçou “A Idade de Serrote, poemas
memorialistas. Dois anos mais tarde, “Convergência”. Em 1972 recebeu o prêmio internacional
de poesia Etna-Taormina e publicou “Poliedro”. No mesmo ano, veio ao Brasil
pela ultima vez e em 1973 saiu “retratos-relâmpagos”.
Murilo Mendes, como podemos perceber, possui
obras abundantes mas sem perder a qualidade, é também fascinante. Com imensa
liberdade criadora e lírica, arrisca ate o surrealismo. Começou pelo humor da
poesia modernista, passando pelo catolicismo, o misticismo, o onírico e mesmo o
insólito, sempre mantendo a plasticidade imagética. Ele atingiu uma
objetividade que beira os fatos históricos, vistos que apresenta paisagens
carregadas de estilhaços e fragmentos da história. Sendo surrealista, precisa
ser recomposto pelo leitor para enfim, ser compreendido e querido.
Postado por Murilo Henrique Donini