quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Carlos Drummond de Andrade

Obras do autor na record

Prosas
Contos de aprendiz
Fala, amendoeira
A bolsa & a vida
Cadeira de balanço
Caminho de João Brandão
O poder ultra jovem
De notícias e não-notícias faz-se a crônica
Os dias lindos 
70 historinhas
Contos plausíveis 
Boca de luar
O observador no escritório
Moça deitada na grama
O avesso das coisas
Auto-retrato e outras crônicas
seleta em prosa e verso
Histórias para o rei
A palavra mágica
As palavras que ninguém diz

Poesia 
Farewll
A rosa do povo
Claro enigma
Antologia poética
Boitempo I e boitempo II
As impurezas do branco
A paixão medida (liçao de coisas)
Corpo
Amar se aprende amando
Tempo vida poesia
Poesia errante 
Sentimento do mundo
José (fazendeiro de ar e novos poemas)
O amor natural
A vida passada a limpo
Discurso de primavera e algumas sombras

Infantil
O elefante (col. abre-te sésamo)
Historias de dois amores
A cor de cada um 
A senhora do mundo
Vó q caiu na piscina
Criança dagora é fogo!



Poema de Carlos Drummond :
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 53° edição

Obras do autor na record

Prosas




Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 53° edição

Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro:

Obras do autor na record
P



Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 53° edição





Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 53° edição

Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 53° edição

Poema de Carlos Drummond de Andrade:
PERGUNTAS

Numa incerta hora fria
perguntei ao fantasma
Que a força nos prendia,
Ele a mim, que presumo
Estar livre de tudo,
Eu a ele, gasoso,
Todavia palpável
Na sombra que projeta
Sobre meu ser inteiro:
Um ao outro, cativos
Desse mesmo princípio
Ou desse mesmo enigma
Que distrai ou concentra
E renova e matiza,
prolongando-a no espaço
uma angustia do tempo.

Perguntei-lhe em seguida
o segredo do nosso
convívio sem contato,
de estarmos ali quedos,
eu em face do espelho,
e o espelho devolvendo uma diversa imagem,
mas sempre evocativa
do primeiro retrato
que compõe de si mesma
a alma predestinada
a um tipo de aventura
terrestre, cotidiana.

Perguntei-lhe depois
por que tanto insistia
nos mares exíguos
em distribuir navios
desse calado irreal,
sem rota ou pensamento
de agir qualquer porto
princípios e naufrágio
mais que a navegação ;
nos frios alcantis
de meu serro natal
desde muito derruído,
em acordar memórias
de vaqueiros e vozes,
magras reses, caminhos
onde a bosta de vaca
é o único ornamento,
e o coqueiro-de-espinho
desolado se alteia.

Perguntei-lhe por fim
a razão sem razão
de me inclinar aflito
sobre restos de restos,
onde nenhum alento
vem refrescar a febre
deste repensamento ;
sobre esse chão de ruínas
imóveis e militares
na sua rigidez
que o orvalho matutino
já não banha ou conforta.

No voo que desfere,
Silente e melancólico,
Rumo da eternidade,
Ele apenas responde
(se acaso é responder
A mistérios mais alto) :

Amar, depois de perder

Postado por Murilo Henrique Donini
Livro: Carlos Drummond de Andrade - Antologia poética 

Este texto abaixo foi escrito por Carlos Drummond de Andrade no livro Antologia poética.

Aos novos leitores

Nasci em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e o meio físico e social de minha terra marcou-me profundamente. Pertenço à classe média brasileira. Ganhei a vida como funcionário público e jornalista. Dediquei-me à literatura por prazer. Hoje que estou aposentado naquelas duas atividades, posso considerar-me escritor profissional, pois a fonte principal do meu sustento  resulta do fato de escrever e publicar livros, que o público tem recebido com simpatia.
Meus livros são de prosa e de poesia. Na primeira categoria, os textos compreendem contos, crônicas e algumas tentativas de crítica literária. Ligue-me na mocidade ao movimento modernista brasileiro, que se afirmou em São Paulo, em 1922, e que deu maior liberdade à criação poética. Liberdade que não é absoluta, pois a poesia pode prescindir da matéria regular e do apoio da rima, porém não pode fugir ao ritmo, essencial à sua natureza. Há muitas experiências de vanguarda, procurando abolir tudo que caracteriza a arte da poesia, mas ninguém até hoje conseguiu acabar com a melodia e a emoção do verso autêntico.
Fui muito criticado e ridicularizado quando jovem. O meu poema  “No meio do caminho” , composto de dez versos, repete de propósito  sete vezes as palavras “meio” e “caminho” . Isto foi julgado escandaloso; hoje o poema esta traduzido em 17 línguas, e me diverti publicando em livro de 194 páginas contendo  as descomposturas mais indignadas contra ele, e também os elogios mais entusiásmaticos. Achavam-me idiota ou palhaço; suportei os ataques porque ao mesmo tempo que recebia o estímulo de meus companheiros de geração e de pessoas mais velhas, nas quais depositava confiança, pela capacidade intelectual e pela honestidade de julgamento que as distinguiam.
Atualmente, a maioria das opiniões é favorável à minha poesia, e direi até que há talvez excesso de benevolência com relação a ela. Não tenho pretensão de ser mestre em coisa alguma, e conheço minhas limitações. Depois de praticar a literatura durante mais de 60 anos, publicando 16 livros de prosa e 25 de poesia, não cultivo ilusões, mas continuo acreditando com o mesmo fervor na beleza da palavra e no texto elaborado com arte.
Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição.

                                                                                                              Carlos Drummond de Andrade

Postado por Murilo Henrique Donini